Por Manoel Messias de Sousa
O momento que vivemos no Brasil, hoje, nos interpela profundamente sobre a possibilidade de novos padrões culturais de relacionamentos familiares, no trabalho e em sociedade. Uma imposição da "Pandemia - Covid 19", cujos impactos tendem a consolidar novos modos de viver, relacionar-se em família, com amigos, no trabalho e com a sociedade.
Uma Pandemia nas proporções da Covid 19, com elevada complexidade, exigências especiais e elevado grau de morbidade, exige dos governantes e gestores de saúde, foco especial e eficaz em ações em defesa incondicional da vida da população. Crises desta dimensão causa perplexidade, insegurança quanto ao futuro, medo, dúvidas de toda espécie e desafia os atores governamentais, em especial os responsáveis pelos sistemas de saúde de qualquer país. Tudo isso se torna mais grave, ainda, quando se percebe que às estratégias e ações de combate à pandemia não estão claras, onde há divergências acentuadas quanto aos métodos de tratamento e combate à doença. O mais grave de tudo isso são as divergências explícitas do Presidente da República com membros das equipes de saúde nacional e com os Governos Estaduais. Este "cabo de guerra", ou “estratégia do ganha perde", de uma lado os defensores das ciências médicas, dos arraigados interesse sem defesa da vida, do outro lado as pressões do mundo econômico e do emprego, lideradas pelo Presidente da República, que mesmos pugnando pela defesa da vida, foca estrategicamente, na intransigente defesa da economia e do emprego. Este quadro antagônico e paradoxal de governança, deixa à população insegura e extremamente assustada sobre o sucesso do país no combate à pandemia e em particular atônita sobre oque acontecerá no "dia seguinte".
Os governantes precisam despir-se dos cânones paradigmáticos dos modelos de gestão tradicional do "ganha perde" e/ou "levar vantagem em tudo" e construir alianças estratégicas de forma flexível, focadas efetivamente no "inimigo-pandemia". Os Meios de comunicação Social, devem agir rigorosamente em defesa da vida e do progresso - um bem maior. Todos os atores do sistema público e da sociedade civil precisam moderar as estratégias de interesses políticos ideológicos e incorporar-se ao projeto de combate ao inimigo - pandemia. Suas estratégias de comunicação devem passar a inculturar no imaginário da população os esforços governamentais positivos, bem como à solidariedade da sociedade organizada em prol do bem comum. Tudo deve ser feito pugnando pela unidade da nação e colaborando com esforços conjuntos, com o fito de amenizar o avanço da doença e os medos e inseguranças da população, assim como contribuir com a elevação do Moral das populações.
Entendemos que nenhum país mantém-se estratégica e cotidianamente planejado e preparado, com logística em potencial e recursos disponíveis, para enfrentar crises em saúde pública de tamanha monta e complexidade. Em situações desta natureza, os sistemas de saúde pública dos países desenvolvidos sofrem impactos moderados em vista seu nível infraestrutural de assistência social, avanço das ciências médicas e potencial profissional da saúde. Já os países emergentes ou subdesenvolvidos, por terem sistemas de saúde pública normalmente deficientes, enfrentam uma verdadeira guerra para suprir deforma emergencial a infraestrutura, logística e profissionais de saúde treinados para combate às verdadeiras "guerrilhas em defesa da vida", quando das graves crises de saúde em momentos de pandemia. O grande nó está na sensibilização e conscientização das populações sobre os riscos da doença e seus efeitos deletérios ao longo do tempo.
O sucesso do combate à Pandemia está no planejamento, nas decisões acertadas e na unidade estratégicas das ações de combate em todos os níveis. O que nos parece mais acertado para enfrentamento de uma crise na proporção da COVID 19, é à adoção de um modelo de administração de crises, centrado nos seguintes pilares e direcionadores estratégicos: 1- planejamento estratégico sistêmico fundado em diagnósticos e avaliações realistas dos fatores críticos de sucesso do sistema de saúde em todos os níveis de governo; 2- Planejar ações estratégicas sistêmicas envolvendo todos os atores do sistema de saúde pública nos três níveis de governo; 3- Celebrar um pacto ou aliança política entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de forma que todos tenham a mesma direção em defesa das propostas governamentais de solução; 4- O Poder Executivo Nacional deve negociar alianças estratégicas com os governadores de Estado e Prefeitos das Capitais, com o fito de instituir unidade no processo de combate à pandemia; 5- Criar grupos ou Conselhos nos níveis: federal, Estadual e Municipal para planejar e coordenar as ações deforma integradas nos três níveis; 6- Negociar uma trégua política com o Congresso nacional, Assembleias Legislativas e Partidos Políticos para um trabalho em unidade no combate à pandemia; 7- Instituir um amplo programa de informação e comunicação à sociedade sobre os cuidados a serem adotados e os efeitos da pandemia.
Após longos tempos de controle social ou confinamento, com vistas à minimização dos efeitos negativos da pandemia, à população dá sinais de cansaço, exaustão e medo em face ao ócio forçado, quebra dos relacionamentos familiares e sociais, fechamentos dos negócios e os possíveis riscos financeiros, medo de contaminar-se com a doença, privação do direito de ir vir em defesa dos seus legítimos interesses de cidadania.
Os empresários e empreendedores ficam inseguros quanto ao futuro dos negócios. Muitas vezes precisam reinventar-se para continuar com as mesmas estratégias ou construir novos caminhos para sobrevivência, ou crescimento.
Os profissionais de saúde, na linha de frente, ficam expostos aos riscos da doença e muitos adoecem e perecem na frente de batalha.
O Estado sofre um imenso pesadelo pelos elevados investimentos governamentais em logística de saúde, apoio às camadas sociais menos favorecidas em face do desemprego e ausência de trabalho.
Caem drasticamente as receitas públicas e via de regra aumentam as despesas governamentais. O mercado e as Bolsas entram em crises jogando para baixo os índices de liquidez dos investimentos. À economia encolhe, elevando drasticamente à incerteza sobre novos investimentos. Acelera o desequilíbrio fiscal do país e dos Estados, necessitando de socorro financeiro da União para sobreviverem.
O dólar sobe desenfreadamente encarecendo as importações e complicando o passivo das empresas com elevados financiamentos em moedas estrangeiras.
O avanço descontrolado da Covid 19 propõe à possibilidade de que todos os cidadãos estão propensos a abrigar-se em um leito hospitalar ou numa UTI. Uns no SUS sobre a tutela do poder público ou da saúde privada. Outras, tais como à economia que adormece nos braços do Governo Federal como berço de apoio na sustentabilidade das empresas e manutenção dos empregos. Eis aí o grande pesadelo de uma Pandemia nos moldes do Covid 19.
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